OS FUNDAMENTOS DO ILUMINISMO
- Antonio de Oliveira
- 26 de dez. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 10 de jul. de 2023

O artigo “para além do iluminismo” do autor Edgar Morim (2005) defende uma superação complexa do Iluminismo. Tem-se, a partir da ascensão do pensamento filosófico e científico, em meados do século XVI, uma mudança acerca da funcionalidade da ciência e do lugar do indivíduo no mundo. Esse período também crê nos poderes da razão, chamada de “as luzes” por isso nome iluminismo (CHAUI, 2006). O pensamento iluminista tem como fundamento a crença no poder da razão humana de compreender a verdadeira natureza e de ser consciente de nossas circunstâncias. Segundo O. S. Botelho (2013): O Iluminismo foi um dos mais significativos movimentos intelectuais de todos os tempos, e acabou por marcar profundamente o mundo Ocidental no Século XVIII, abalando as estruturas de todas as instituições nos dois séculos seguintes.
O termo foi criado para designar o sistema político, social e econômico existente na França desde o Século XVI, mas pode ser aplicado aos demais Estados europeus que tivessem as mesmas características. O poder era absoluto, a economia voltada principalmente para a agricultura e a sociedade era Estamental. A razão foi transformada em um instrumento de libertação do homem e da humanidade. Ideia da luz que vem dissipar as trevas.
Em sua narrativa Edgar Morin revê de forma sucinta a trajetória da razão e do progresso, do Renascimento aos dias de hoje. Fala sobre a ascensão da racionalidade soberana do século XVIII; o mythos da razão iluminista. Nesse período, a racionalidade vai desenvolver-se como razão construtiva das teorias e como razão crítica (Morin, 2005).
Foi através de pensadores como Copérnico, Galileu, Newton, fundadores da ciência natural, que restabeleceu e retomou o tema da autonomia da razão oriunda dos gregos e permitiu que filósofos como Locke, Montesquieu e Rousseau que se deu o desenvolvimento do pensamento iluminista. Nesse movimento que iniciou e aprofundou-se o processo da transformação social e técnica em detrimento da metafísica e dos cálculos esotéricos sem precedentes na história da humanidade (MELLO & DONATO, 2011).
Esse período passa pelo triunfo e pela crise do Iluminismo e diz que a Revolução Francesa retoma herança do Século das Luzes. Consolidada pela Revolução Francesa conjugado com a técnica, que proporcionaria uma mudança drástica no estilo de vida humana (CHAUI, 2006). A mudança trazida pela revolução capacitaria o “progresso” da sociedade: responsável pela promoção das potencialidades humanas e da condução do conhecimento tecnológico vivenciados até o século XXI.
Assim sendo, a ideia básica do texto é descrever que os iluministas preocuparam-se em denunciar a injustiça, a dominação religiosa, o estado absolutista e os privilégios enquanto vícios de uma sociedade que, cada vez mais, afastava os homens do seu “direito natural” à felicidade. Segunda a visão dos pensadores, sociedades que não se organizam em torno da melhoria das condições de seus indivíduos concebem uma realidade incapaz de justificar, por argumentos lógicos, sua própria existência. Por isso, o pensamento iluminista elege a “razão” como o grande instrumento de reflexão capaz de melhorar e empreender instituições mais justas e funcionais. A razão gera ciência e essa gera progresso. O raciocínio é a prerrogativa para o surgimento do conhecimento e este responsável pelo progresso, que se manifesta na tecnologia. No entanto, o que parece ser mais digno de crítica é a afirmação de que a razão foi se, o homem não tem sua liberdade assegurada, a razão acaba sendo tolhida por entraves como o da crença religiosa ou pela imposição de governos que oprimem o indivíduo.
No transcorrer do tempo, razão e progresso transformam-se, geram positivas ambivalências guia a humanidade na direção do progresso e assim o progresso torna-se a lei inexorável da história. De qualquer maneira, o progresso como certeza está morto. Pode-se até mesmo afirmar que estamos diante de uma grande incerteza. Há uma possibilidade de progresso, mas o progresso sempre precisa ser redimensionado, regenerado. Assim, por exemplo, a tortura, que desaparecera da Europa no século XIX, retornou em todos os países europeus no século XX. Pode-se observar que, hoje, sobretudo a aliança de duas barbáries: a velha barbárie da guerra que, com as guerras de religião, guerras étnicas, guerras nacionais, guerras civis, volta com força trazendo tudo o que ela comporta de ódio, desprezo, destruição e mortes; e a barbárie tecnicista, barbárie abstrata do calculismo que ignora o humano do ser humano, ou seja, sua vida, seus sentimentos, seus impulsos, seus sofrimentos.
A racionalização dos hábitos era uma das grandes ideias defendidas pelo iluminismo. Por essas noções instalava-se uma noção otimista do mundo que não teria como interromper seu progresso no momento em que o homem contava com o pleno uso de sua racionalidade. Os direitos naturais, o respeito à diversidade de ideias e a justiça deveriam trazer a melhoria da condição humana. Oferecendo essas ideias, o iluminismo motivou as revoluções burguesas que trouxeram o fim do Antigo Regime e a instalação de doutrinas de caráter liberal.
REFERÊNCIAS
BOTELHO, O. S.; CRESPO, L. F.; KRASTANOV, S. V. História da Filosofia Contemporânea I. Apostila – Claretiano Centro universitário Batatais –SP: 2013.
CHAUI, Marilene. convite à filosofia. São Paulo: editora ática, 2006.
MELLO, Vico Denis S. de & DONATO, Manuella Riane A. O pensamento iluminista e o desencantamento do mundo: modernidade e a revolução francesa como marco paradigmático. Revista Crítica Histórica Ano II, Nº 4, Dezembro/2011 ISSN 2177-996
MORIN, Edgar. Para além do Iluminismo. Revista FAMECOS Porto Alegre • nº 26 • abril 2005.
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