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MULHERES QUE DESEMPENHARAM UM PAPEL SIGNIFICATIVO ENTRE OS PRIMEIROS QUAKERS

  • Foto do escritor: Antonio de Oliveira
    Antonio de Oliveira
  • 25 de set. de 2023
  • 5 min de leitura


Os Quakers eram um grupo religioso radical que surgiu na Inglaterra, liderado por George Fox (1624-1691), em meados do século XVII, em uma época de turbulência e mudanças na religião e na política. Por muitos anos a Inglaterra havia sido sacudida pelas disputas religiosas, principalmente as se relacionavam com a forma de governo eclesiástico, os sacramentos, o ministério e o culto. Tudo isso aborrecia muita gente, que resolveu seguir os ensinos de George Fox (NICHOLS, 2000).


Quakers valorizavam as Escrituras e a vida no Espírito, a revelação direta de Deus, acessível a todos, tinha mais valor do que o ensino e autoridade da própria Bíblia. Sua religião baseia-se na busca da manifestação divina de maneira pessoal, e não por meio de padres ou ministros da Igreja. A presença de Deus dentro de cada pessoa é chamada pelos Quacres de “luz interior”, e eles acreditam que essa luz guia suas vidas. Os Quacres reúnem-se para louvar a Deus, e suas reuniões são abertas a qualquer pessoa. Os fiéis sentam-se em silêncio, aguardando uma mensagem divina. Aqueles que a recebem compartilham seu conhecimento com os outros.


Eles acreditavam na igualdade de gênero e permitiam que as mulheres desempenhassem papéis ativos e influentes na comunidade religiosa, o que era uma visão revolucionária para a época. Não faziam discriminação das pessoas em termos de gênero, raça ou classe social, numa altura em que a escravatura ainda era praticada e os direitos da mulher não eram reconhecidos. Para eles homens e mulheres eram igualmente responsáveis pela caminhada individual em intimidade com o Senhor e demonstravam extremo respeito pelos outros (SYNAN, 2020).


O movimento dos Quakers adotou certas características, como a simplicidade no modo de viver, encorajava as mulheres a serem ministrar, democracia espiritual nas reuniões, obediência total à verdade, paz e fraternidade universais, independentemente de gênero, classe, não ou raça (ELWEEL, 2003). Eles realizaram significativas modificações históricas no que diz respeito a participação das mulheres. Alguns pontos notáveis sobre as mulheres entre os primeiros Quakers incluem:


Igualdade de Gênero: Os Quakers acreditavam que todos, independentemente do gênero, tinham acesso direto à orientação divina e podiam receber revelações espirituais. Isso resultou em uma crença fundamental na igualdade de gênero, que era incomum na época.


Liderança Feminina: Muitas mulheres Quakers se tornaram líderes proeminentes dentro do movimento. Margaret Fell (1614-1702), por exemplo, desempenhou um papel fundamental na promoção do Quakerismo e era uma defensora ativa da igualdade de gênero. Ela também é conhecida por escrever uma carta a Oliver Cromwell, em 1656, defendendo a liberdade religiosa.


Reuniões das Mulheres: Os Quakers realizavam reuniões separadas para mulheres, nas quais as mulheres podiam pregar, orar e compartilhar suas experiências religiosas. Essas reuniões eram consideradas igualmente importantes às reuniões dos homens.


Escritos e Contribuições: Muitas mulheres Quakers escreveram extensamente sobre sua fé e experiências espirituais. Alguns de seus escritos foram amplamente lidos e influenciaram o pensamento Quaker e religioso em geral.


Ativismo Social e Político: Os Quakers, incluindo mulheres, foram ativos em questões sociais e políticas, como a abolição da escravidão e a promoção da paz. Muitas mulheres Quakers desempenharam um papel importante no movimento abolicionista nos Estados Unidos.


Perseguição Religiosa: Tanto homens quanto, mulheres Quakers enfrentaram perseguição e prisão por suas crenças, mas muitas mulheres foram notavelmente corajosas em sua defesa do Quakerismo e de suas convicções religiosas.


É importante observar que, embora os Quakers fossem pioneiros na promoção da igualdade de gênero na igreja e na sociedade, o movimento também teve seus desafios e contradições ao longo dos anos em relação à igualdade de gênero. Em algumas áreas e períodos de sua história, as mulheres ainda enfrentaram limitações em sua participação total nas decisões da igreja. No entanto, o Quakerismo é amplamente reconhecido por seu compromisso duradouro com a igualdade de gênero e o papel fundamental das mulheres em seu desenvolvimento e propagação.

Segundo Susan C. Hyatt (2020), é incalculável o número de mulheres Quacres que fizeram significativa diferença no século XIX nesse país, preparando as mulheres de maneira que, no advento do avivamento pentecostal, elas estavam prontas para assumir funções de liderança. Alguns exemplos notáveis de mulheres Quakers que desempenharam papéis proeminentes na história da religião incluem:


Margaret Fell (1614-1702): Ela é frequentemente chamada de "mãe dos Quakers" devido à sua influência significativa no movimento. Margaret Fell foi uma defensora ativa do Quakerismo desde o início e escreveu extensamente sobre suas crenças. Ela também desempenhou um papel crucial na organização e expansão do movimento. Margaret Fell casada pela segunda vez com George Fox, que a tinha convertido, Ela colaborou para moldar a teologia da Luz Interior que guiou os amigos na sua leitura da Bíblia e nas suas vidas, ajudou a estabelecer papéis de poder para as mulheres entre os amigos, e através dos seus escritos, especialmente as suas cartas ou epístolas, ajudou a unir os pregadores itinerantes da sociedade numa comunidade que se estendia por toda a Grã-Bretanha, e, eventualmente, pelo Mediterrâneo e pelo Atlântico (FELL, 2018).


No ano de 1666, Margaret Fell foi presa devido á de sua fé, ela escreveu Womem Speaking Justified “(o discurso das mulheres reabilitado), uma das primeiras defesas da pregação feminina na tradição cristã, que se tornou um texto importante não só nos estudos Quakers, mas mais amplamente nos primeiros estudos modernos sobre a mulher, estudos religiosos, e a história da retórica. Tal como as realizações de muitas outras escritoras, durante muitos anos as obras e realizações de Margaret Fell foram ofuscadas pelas dos homens à sua volta, mas ela foi agora recuperada como figura literária e religiosa cada vez mais importante na erudição feminista. Sendo considerada uma das pioneiras do movimento e tendo sido promotora da capacitação de mulheres para funções de liderança nas reuniões de senhoras do grupo (CRUZ, 2020).


Mary Dyer (c. 1611-1660): Dyer foi uma Quaker inglesa que emigrou para as colônias americanas e tornou-se uma defensora ativa da liberdade religiosa. Ela foi executada em Boston por se recusar a renunciar às suas crenças Quakers.


Lucretia Mott (1793-1880): era uma destacada defensora dos direitos das mulheres e dos direitos civis, além de ser uma Quaker ativa. Ela desempenhou um papel fundamental na organização da Convenção de Seneca Falls, em 1848, que lançou o movimento pelos direitos das mulheres nos Estados Unidos.


Elizabeth Fry (1780-1845): era uma Quaker inglesa que se destacou por seu trabalho em reformas prisionais e no tratamento de prisioneiros. Ela é amplamente reconhecida por seu trabalho humanitário.


Vale destacar que, embora as mulheres Quakers tenham desfrutado de uma maior igualdade de gênero dentro de sua comunidade, essa igualdade nem sempre se estendia à sociedade em geral. No entanto, os Quakers foram pioneiros na promoção da igualdade de gênero e desempenharam um papel importante na história do feminismo religioso e do ativismo pelos direitos das mulheres. Portanto, as mulheres desempenharam papéis significativos entre os primeiros Quakers, contribuindo para o desenvolvimento e a disseminação do movimento.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRUZ, Jorge. Quem são os quakers? Ultimato Online. 10 de agosto de 2021.


ELWELL, Walter A (Editor). Enciclopédia histórico-teológica da igreja cristã vol.3. São Paulo: Editora Vida Nova, 2003.


FELL, Margaret. Women’s Speaking Justified (O discurso das mulheres reabilitado). Arizona Center for Medieval and Renaissance Studies Tempe, Arizona 2018.


HYATT, Susan C. Mulheres cheias do Espírito Santo. In. SYNAN, Vinson. O século do Espírito Santo: 100 anos do avivamento pentecostal e carismático. São Paulo: Editora Vida, 2020.


NICHOLS, Robert Hastings. História da igreja cristã. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000.


SYNAN, Vinson. O século do Espírito Santo: 100 anos do avivamento pentecostal e carismático. São Paulo: Editora Vida, 2020.









 
 
 

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