O DOMINADOR MUDA: HOMEM MÁSCULO E IGUALDADE DE GÊNERO
- Antonio de Oliveira
- 30 de jun. de 2023
- 22 min de leitura

O DOMINADOR MUDA: HOMEM MÁSCULO E IGUALDADE DE GÊNERO
RESUMO
O objetivo deste artigo é apresentar ainda que de forma sucinta uma discussão sobre homens e a reforma pela igualdade de gênero, e avaliar as perspectivas de estratégias de reforma que envolvem homens. Identificar as principais contribuições dos estudos sobre homens e masculinidades à área de relações de gênero e igualdade. Indicar que é necessário analisar como homens e meninos têm sido compreendidos, a política dos movimentos masculinistas, os interesses divididos, de homens e meninos, em relações de gênero, e o que as pesquisas apontam quanto à cambiante e conflituosa construção social de masculinidades. Resumidamente expressar termos importantes para a compreensão deste universo, tais como: masculinidade, políticas públicas, igualdade de gênero. Enunciar que há pesquisas consideráveis que problematizam perspectivas essencialistas e estereotipas da masculinidade. E sinalizar que a igualdade de gênero é um projeto que pode ser compreendido com altos princípios de justiça social que resulta em uma vida melhor para homens e mulheres na sociedade.
Palavras-chave: Masculinidade, relações de gênero, igualdade, religião
INTRODUÇÃO
O presente texto organiza-se em torno do discurso acerca do conceito de masculinidade hegemônica que tem influenciado os estudos de gênero em vários campos acadêmicos, mas ao mesmo tempo tem atraído um sério criticismo. O objetivo é identificar as principais contribuições dos estudos sobre homens e masculinidades à área de relações de gênero e igualdade. Sustenta-se que as masculinidades são aspectos produzidos na vida institucional do Estado, do mercado de trabalho e da família, e os interesses dos indivíduos e dos Estados são constituídos nas relações de gênero por meio da desigualdade, não são homogêneos e são determinantes poderosos da ação social, ainda que tal desigualdade não se sustente somente com base na força.
A abordagem teórica do estudo recorre a uma categoria emergente que vem se afirmando nos debates em sociologia, antropologia, religião na contemporaneidade: a masculinidade. De forma articulada a outras já consolidadas nessa reflexão, como gênero, identidade e sexualidade, problematiza-se formas de se vivenciar a experiência masculina e algumas de suas representações num espaço social intensamente marcado por assimetrias, tradições e convenções. Nesse cenário, recorro às reflexões sobre gênero para problematizar a vivência do ser “Homem Másculo” (masculino), por compreender o gênero como algo estruturador da experiência e das relações entre os sujeitos e, ainda, dos modos pelos quais se dá a percepção da relação entre os sexos e suas implicações na dominação e no poder.
A despeito das muitas mudanças sociais observadas nas últimas décadas, o fato de que homens e mulheres experimentam uma relação hierarquizada tem sido apresentado em vários estudos e pode ser facilmente, observado por nós, diariamente. As relações de gênero são atravessadas por uma dinâmica de dominação e poder. Nos últimos anos, a desigualdade de gênero tem se tornado um assunto recorrente. A luta por um mundo em que homens e mulheres sejam livres para fazer suas escolhas, usufruindo das mesmas responsabilidades, direitos e oportunidades, intensificou-se em meados do século XX, impulsionada, principalmente, pelo movimento feminista.
Além de ser um direito humano básico, a igualdade entre os sexos foi considerada um dos pilares para a construção de uma sociedade livre, o que é crucial para acelerarmos o desenvolvimento sustentável. Empoderar mulheres e meninas tem um efeito multiplicador e colabora com o crescimento econômico e o progresso. A igualdade entre homens e mulheres é um princípio legal e internacional desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e tem apoio popular em muitos países (CONNELL, 2016).
Michelle Perrot (2019), declara que: “As mulheres têm o mesmo direito que os homens: logo elas devem poder usufruir das mesmas facilidades para obter as mesmas luzes, pois só estas podem lhes proporcionar os meios de exercer realmente esses direitos com a mesma independência e a mesma amplitude” (PERROT, 2019, p.24). É bem verdade que o caminho para uma sociedade com igualdade de gênero envolve uma profunda mudança na conduta pessoal, ou seja, esse caminho demanda apoio irrestrito da sociedade. As próprias desigualdades de gênero em relação a bens econômicos, poder político, poder religioso, autoridade cultural, e os meio de coerção que as reformas de gênero pretendem modificar, significa efetivamente que homens controlam a maior parte dos recursos necessários para implementar as reivindicações de justiças das mulheres.
Diante desse quadro de referências, uma primeira questão que se coloca é problematizar, Homens e meninos são, de maneira significativas, controladores de acesso a igualdade de gênero. Uma hipótese estratégica é: eles estão dispostos a abrir as portas? “Precisamos entrar na visão de mundo uns dos outros tanto quanto nos for possível e ajudar os outros a abrir-se a novas perspectivas. A menos que queiramos fazer isso, o eu que apresentamos às pessoas que são diferentes de nós é um “eu fingido”. Esconderemos nosso verdadeiro eu a fim de proteger-nos das projeções que os outros fazem de nós” (ISASI-DIAS Apud PUI-LAN, 2015, p.51). Enfim, tendo como referência uma metodologia de pesquisa quantitativo, o texto está dividido em três momentos: no primeiro momento, há discussões acerca das questões sobre homem Másculo na ordem mundial de gênero. Acompanhado esses debates, houve um crescimento formidável de pesquisa sobre as identidades e práticas de gênero dos homens sobre masculinidade e os processos sociais que as constroem.
No segundo momento, modificando o time: homens e meninos em discussão de igualdade de gênero. As discussões públicas sobre homens e meninos são, muitas vezes, inconclusivas. Homens e meninos podem usar estrategicamente, definições convencionais de masculinidade, em vez de serem rigidamente dominados por elas. Eles podem apoiar a reforma dos papéis de gênero porque a igualdade de gênero decorre de seus princípios políticos e éticos.
Já o último momento do artigo, interesses divididos: apoio e resistência. Há algo de surpreende na problematização mundial de “Homem Másculo” porque, de várias formas, a posição dele não mudou muito. No contexto em que se sucedem grandes transformações políticas, econômicas, sexuais, com o transcurso das mudanças do século XXI e o questionamento de velhos paradigmas, verdades estabelecidas e papéis supostamente cristalizados, considera-se pertinente analisar um tipo determinado de vivência masculina apresentada nas documentações políticas de igualdade de gênero tanto nacional quanto internacionais as mulheres são o tema do discurso. Em geral, a masculinidade é concebida e legitimada com base numa universal capacidade produtiva, em que se espera do Homem Másculo a plena realização da função de provedor material e financeiro do grupo em que está inserido.
HOMEM MÁSCULO NA ORDEM MUNDIAL DE GÊNERO
“Durante séculos o pensamento, a arte, a filosofia e a teologia foram masculinos, sobretudo porque definidos pela masculino. Hoje, toda a produção cultural, sobretudo das mulheres, se exprime através da consciência feminista que se expressa de diferentes maneiras por meio de diferentes ações e campos de conhecimento. O feminismo silenciado nas suas diferentes expressões começa ase expressar, a afirmar-se e a abalar a ainda hegemônica cultura masculina” (GEBARA, 2017, p.74).
As relações entre homens e mulheres vêm sendo alteradas ao longo das décadas e a qualidade e intensidade dessas modificações, acabam por se tornar algo crucial na sociedade. “Filha”, “esposa”, “mãe” há muito tempo deixaram de ser as únicas identificações valorizadas da mulher na sociedade. Já há algumas décadas reconhece-se que as mulheres ultrapassaram os espaços tradicionalmente reservado ao dito “sexo frágil” e desempenham, hoje, papeis e funções sequer sonhados por suas bisavós e avós. Foi uma longa estrada percorrida, com percalços e desvios, as famílias também mudaram, e de maneira muito rápida, se compararmos o século XX e início do XXI aos períodos anteriores (SCOTT, 2018, p.15).
Uma das características mais marcantes da pesquisa contemporânea de masculinidade é seu alcance mundial. Com intuito de definir o que seja masculinidade, Robert. W Connell (1995), concebe a masculinidade como sendo, ao mesmo tempo, uma posição nas relações de gênero; as práticas pelas quais os homens e as mulheres ocupam esse lugar no gênero; e os efeitos dessas práticas na experiência físicas, pessoais e culturais.
Na década de 1990, no mundo global, houve uma onda de preocupação popular acerca dos homens e meninos. O poeta estadunidense Robert Elwood Bly publicou o livro: “João de Ferro: Um livro sobre os homens”. É uma obra fictícia que aborda de forma profunda e abrangente a masculinidade e a experiência masculina. Essa obra foi um sucesso enorme de vendas e desencadeou uma onda de imitações. O livro de Bly fez sucesso porque ofereceu, em linguagem pedagógica e profética, soluções simples para dificuldades que, cada vez mais incomodava não só a cultura estadunidense, mas, a nossa cultura.
Na obra de Robert Elwood Bly (1991), a história principal gira em torno de João, um homem comum, mas cuja jornada pessoal é retratada de forma vivida e representativa das questões masculinas em geral. João é confrontado com uma série de situações e dilemas que o levam a questionar sua identidade, suas responsabilidades e seu papel na sociedade. O livro procura desconstruir estereótipos e oferecer uma visão mais ampla e humanizada da masculinidade, levando em consideração a diversidade de experiências e identidades masculinas. Também explora questões relacionadas à saúde mental, ao machismo e à necessidade de diálogo e compreensão mútua entre os gêneros.
Ao longo da narrativa, o autor aborda temas como a pressão social sobre os homens para corresponder a certos padrões de masculinidade, os conflitos internos entre vulnerabilidade e bravura, as expectativas em relação ao desempenho sexual, as relações familiares e a busca por um senso de propósito e significado na vida. Com isso o autor vai buscar nos contos, fábulas e mitos o resgate da verdadeira imagem do homem. Robert Elwood Bly (1991) declara que as imagens das velhas histórias se destinam a demonstrar e desvelar, ou seja, a traçar um perfil mais confiável do que é, o de como deveria ser a masculinidade independente da época ou lugar. A imagem do masculino conforme apresentado nas escolas e em outros meios públicos de divulgação estão desgastados e não corresponde mais à realidade do que é essência ou ser masculino.
Logo no prefácio da sua obra, vai dizer o porquê de um livro como este é importante, é que as imagens do masculino ou da masculinidade proporcionada pela cultura não são mais confiáveis porque nelas o homem apresentado desgastado, corroídos e desfigurado. Com isso o autor vai buscar nos contos, fábulas e mitos o resgate da verdadeira imagem do homem.
Robert Elwood Bly (1991), vai resgatar a história de João de Ferro dos irmãos Grimm, e através dela propõe uma jornada metafísica, pedagógica e psicológica do que é o homem segundo a mitologia, e o que isso nos diz na contemporaneidade. Além de nos introduzir a importante viagem que todo homem tem que fazer para tornar-se de menino em homem. Ele diz que há uma iniciação masculina, uma iniciação feminina e uma iniciação humana. Mas que fará uma abordagem em sua obra, apenas da iniciação masculina.
A história de João de Ferro se refere nesse contexto a passagem do menino do reino da mãe para o reino do pai, além disso, ao encontro do seu próprio caminho, na ótica do autor o conhecimento e consequentemente a expressão “ser masculino” foi reprimido e sufocada pela experiência da vida moderna, o homem e toda sociedade estão perdidos e afundados no caos.
O autor vai recorrer ao conto dos irmãos Grimm chamado João de Ferro para contar a história do homem e o que deve ser sua verdadeira evolução. O que é ser homem? Existe diferença entre ser homem e apenas um ser do sexo masculino? Como é fazer a transição de menino para homem? Ser homem em nossos dias, com todas as mudanças culturais que temos vivido, tem se tornado um terreno bastante nebuloso, já não podemos mais assumir a função de provedor e deixar todo o resto com as mulheres. Nosso papel é muito maior que esse!
Pode-se observar que questões específicas acerca dos homens e meninos também atraíram a atenção do público nos países ricos e de primeiro mundo. As respostas ao feminismo e às políticas de igualdade de gênero foram debatidas a partir do mundo anglófono, principalmente na Austrália, nos Estados Unidos e Grã-Bretanha. Na Europa Central e do Norte, feminista tem interesse na pesquisa desde cedo pelas práticas de gênero dos homens. Nesta região, foi realizada uma abordagem diferente, com mais ênfase na investigação dos inquéritos, e na forma como os homens se posicionam em relação às políticas de igualdade de género do Estado (Metz-Gockel e Müller 1985, Bengtsson e Frykman 1988, Holter 1989). Havia, no entanto, temas comuns. Ambos os grupos de pesquisadores estavam preocupados com a forma de mudança entre os homens estava ligado ao feminismo contemporâneo, e ambos tinham um interesse em usar a pesquisa sobre masculinidade para compreender e combater a violência (CONNELL, 2005). Uma vez que a violência dos homens contra as mulheres foi assunto de intervenções práticas e discussões prolongadas, e a relação dos homens com a justiça está em debate.
“O argumento em masculinidades baseou-se extensivamente na investigação empírica que se tinha desenvolvido nos anos 1980 e princípios dos anos 1990, a maioria dos quais descrevia a construção de masculinidades em cenários específicos. Isto incluiu estudos de locais de trabalho e escolas (por exemplo Cockburn 1983, Heward 1988), estudos de sexualidades e carreiras atléticas (por exemplo Michael Messner e Don Sabo 1990, Robert. W Connell 1992a), e relatos históricos de mudanças de ideias de masculinidade (Phillips 1987). Estes estudos produziram uma visão muito mais detalhada, específica e diferenciada dos homens nas relações de género, permitindo assim um avanço decisivo para além do quadro abstrato do "papel sexual" que tinha sido dominante anteriormente” (CONNELL, 2005, p.16).
Com esses debates, desenvolveu-se um crescimento formidável de pesquisa acerca das identidades e práticas de gêneros dos homens másculos e os processos sociais que as constroem. Esse tipo de comportamento foi motivo de preocupações para o mundo todo. Discordância sobre violência, patriarcado e maneiras de mudar o comportamento dos homens ocorreram em vários países, como por exemplo: Índia, Alemanha, Canadá, Estados Unidos e África do Sul. Temas que foram abordados: sexualidade masculina e paternidade forma discutidas e pesquisas na América Latina.
Interesse de pesquisas se propagaram pelo mundo. Com isso diferentes construções de masculinidade foram reproduzidas por pesquisadores em cada um dos continentes, literalmente. O primeiro resumo global, na forma de livro-texto, como pesquisa sobre homens e masculinidades foi em 2005 (CONNELL, 2005). E com isso, pode-se observar que foram surgindo diferentes construções de masculinidade por pesquisadoras/es em várias áreas da pesquisa. A rápida internacionalização dessas dialéticas reflete o feito cada vez mais reconhecido no pensamento feminista de que as próprias relações de gênero têm uma dimensão internacional. Haja vista que mudanças nas relações de gênero ocorrem em escala mundial, muito embora sempre na mesma direção ou na mesma velocidade.
A masculinidade se refere às características, papéis e comportamentos associados tradicionalmente aos homens em uma determinada sociedade. É importante ter em conta que a masculinidade não é um conceito universal e varia em diferentes culturas e contextos. Tradicionalmente, se tem associado a masculinidade com características como a fortaleza física, a valentia, a independência, a competitividade e a autoridade. Esses atributos têm sido considerados como desejáveis e têm sido associados ao conceito de ser "um verdadeiro homem". Nesse sentido, a masculinidade são padrões socialmente construídos de práticas de gênero. Esses padrões são criados por meio de um processo histórico com dimensões globais. Como homens e mulheres, escolhemos apertar os pés em diferentes tipos de sapatos, abotoar a camisa em lados opostos, cortar o cabelo como profissionais distintos, comprar calças em lojas separadas e abaixá-las em banheiro separados (CONNELL & PEARSE, 2015).
As pesquisas etnográfica, sociológica e histórica mostram como esses arranjos são tão familiares que fazem parte da natureza. A crença de que distinções de gênero são naturais que faz as pessoas se escandalizarem quando alguém não segue o padrão. Dessa forma, fica evidente de como uma cultura de gênero é criada e transformada numa relação com a economia internacional e com o sistema político do império. Pode-se inferir que existem razões para pensar que esse princípio também vale para as masculinidades contemporâneas. Uma vez que para a maioria das pessoas, ser homem, ou mulher é acima de tudo, uma questão de experiência pessoal.
MODIFICANDO O TIME: HOMENS E MENINOS EM DISCUSSÃO DE IGUALDADE DE GÊNERO
Falar de estrutura de relações de gênero significa enfatizar que o gênero é muito mais que interações face a face entre homens e mulheres. Significa enfatizar que o gênero é uma estrutura ampla, englobando a economia e o estado, assim como a família e a sexualidade, tendo, na verdade, uma importante dimensão internacional. O gênero é também uma estrutura complexa, muito mais complexado que as dicotomias dos "papéis de sexo" ou a biologia reprodutiva sugeririam (CONNELL, 1995, p.189).
Vivemos tempos nos quais a igualdade não é um bem evidente por si só entre os desfavorecidos. A nossa sociedade diferenciou mulheres e homens em uma prática social e, em seguida, atribuiu maior valor às características masculinas. E quando você tem dentro de uma diferença uma atribuição de maior e menor valor, gera-se a desigualdade.
Para o entendimento das formas de opressão vivenciadas pelas mulheres, partimos do pressuposto de que homens e mulheres vivem sob dadas condições objetivas e subjetivas que são produto das relações sociais. Isto significa que a construção social das respostas que dão às suas necessidades e vontades tem na sociabilidade sua determinação central ou, de outra forma, significa também que os indivíduos fazem a história, mas suas possibilidades de intervenção se efetivam na dialética relação entre objetividade e subjetividade, entre ser e consciência (SANTOS & OLIVEIRA, 2010).
“Muitos acreditam que as mulheres já não precisam lutar por sua dignidade e igualdade, pois já conseguiram a liberdade de ir e vir sem que sejam molestadas pelas antigas contundas morais e imorais que caracterizavam muitas culturas. Outros tantos acreditam que essa “doença’ feminista precisa ser extirpada, porque se faz necessário cada vez mais garantir a ordem querida por Deus, a moral familiar, as coisas segundo a natura imutável das coisas” (GEBARA, 2017, p.11).
A igualdade de gênero não se trata de tornar os homens menos masculinos, mas sim de criar um ambiente em que todos, independentemente do gênero, tenham as mesmas oportunidades, direitos e liberdades. Envolver-se na promoção da igualdade de gênero não significa abandonar a própria identidade masculina, mas sim desafiar as expectativas prejudiciais e restritivas impostas pela sociedade. Os homens podem desempenhar um papel fundamental na luta pela igualdade de gênero. Isso envolve questionar e desconstruir os estereótipos de gênero prejudiciais que limitam a expressão emocional e restringem as opções de vida. Também implica em desafiar atitudes e comportamentos machistas, promover relacionamentos saudáveis e respeitosos, e apoiar a participação igualitária das mulheres em todas as esferas da sociedade.
Promover a igualdade de gênero não é uma ameaça à masculinidade, mas sim uma oportunidade de redefinir e ampliar a compreensão da masculinidade, permitindo uma maior expressão emocional, promovendo a colaboração, o cuidado e a garantia de oportunidades para todos. Portanto, a busca pela igualdade de gênero não é incompatível com a masculinidade, mas sim uma forma de garantir que todos, independentemente de seu gênero, tenham igualdade de oportunidades e sejam livres para serem autênticos e plenos em sua identidade de gênero.
Diante do exposto, a igualdade de gênero busca eliminar as desigualdades e promover a equidade entre homens, mulheres e pessoas de outras identidades de gênero. Se historicamente as mulheres têm sido o foco principal da luta pela igualdade de gênero devido à discriminação e à opressão que enfrentam, é importante reconhecer que os homens e as crianças também são afetados pelas normas e expectativas de gênero estabelecidas pelo patriarcado.
Os homens e as crianças também enfrentam pressões sociais e estereótipos de gênero que podem limitar sua expressão emocional, restringir suas opções de carreira, afetar suas relações interpessoais e perpetuar papéis tradicionais de gênero. Esses estereótipos e expectativas podem ter efeitos negativos em seu bem-estar e em sua capacidade de se relacionar de maneira saudável com eles.
É importante que os homens e as crianças participem ativamente da discussão sobre igualdade de gênero e trabalhem em conjunto com mulheres e outras pessoas de gênero diverso para promover uma mudança positiva. Isso implica questionar e desafiar os estereótipos de gênero prejudicial, fomentar a empatia e a comunicação afetiva, e abolir a igualdade de oportunidades e direitos para todas as pessoas, independentemente de seu gênero.
A igualdade de gênero foi inserida na agenda política por mulheres. A razão é óbvia: são as mulheres as preteridas pelos padrões vigentes de desigualdade de gênero, e a ela, portanto, cabe a reivindicação de reparações. Enquanto grupo, as mulheres têm menos chance e serem encontradas na esfera pública do que os homens, e quando o são, têm menos recursos à disposição (CONNELL & PEARSE, 2015).
“Para ser um participante da política, se tornar parte de uma ação concertada e coletiva, uma pessoa precisa não apenas reivindicar a igualdade (direitos iguais, tratamento igual), mas agir e peticionar dentro dos termos da igualdade, como um ator em pé de igualdade com os outros” (BUTLER, 2018, p.38).
Na documentação de política de igualdade de gênero tanto nacionais quanto internacionais as mulheres são o tema do discurso. Haja vista que as agências, grupo de pesquisas, reuniões, etc., que formulam, implementam ou monitoram políticas de gênero costumam ter nome que se refere a mulheres. Esses grupos têm o mandato claro de atuação em defesa das mulheres. Eles não têm mandato igualmente claro de atuar em defesa dos homens. Os principais documentos de política relacionadas a igualdade gênero, tais como a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas a de Discriminação conta a Mulher, da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1979, frequentemente não aponta os homens como grupo e raramente discutem os homens em termos concretos (CONNELL, 2016).
Não obstante, os homens estão presentes como pano de fundo em todos os documentos. Cada declaração acerca da desvantagem das mulheres há uma comparação implícita com os homens como grupo privilegiados. Nas discussões sobre violência contra mulheres, os homens aparecem ora implicitamente ora explicitamente como agressor. Quando os homens estão presentes somente como uma categoria de fundo em um discurso de política sobre mulheres, é difícil levantar questões sobre interesses, problemas ou a diversidade de homens e meninos. Isso poderia ser feito tanto assumindo uma postura reacionária de afirmação dos direitos dos homens quanto se posicionando totalmente fora de um arcabouço de gênero.
A estrutura das políticas de igualdade de gênero, dessa forma, criou uma oportunidade para políticas antifeministas. Oponentes do feminismo perceberam que questões acerca de homens e meninos são um terreno fértil. Essas ideias não estimularam movimentos sociais, com a exceção de um movimento pequeno porte de direitos dos pais em relação ao divórcio. Os argumentos, contudo, moraram-se muito atraentes para a grande mídia religiosa e neoconservadora. O papel dos homens e meninos em relação à igualdade de gênero surgiu com uma questão internacional na década de 1990. De modo geral, os homens estavam mais dispostos a aceitar e a afirmar a igualdade no quarto do que a aceitar a igualdade em relação ao trabalho doméstico a cuidados com os filhos (HOOKS, 2018).
A mudança se tornou visível na Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, sediada em Pequim, em 1995. O parágrafo 25 da declaração de Pequim comprometeu os governos participantes a encorajar os homens a participarem plenamente de todos os atos favoráveis à igualdade. A detalhada Plataforma de Ação que acompanhou a Declaração destacou e reafirmou o princípio de poder e responsabilidade compartilhados entre homens e mulheres, e argumentou que as questões das mulheres somente poderiam ser enfrentadas em associação com os homens para alcançar a igualdade de gênero. Em geral, apesar de os homens se beneficiarem das desigualdades da ordem de gênero, esse benefício não ocorre de maneira uniforme. De fato, muitos pagam um preço considerável! Meninos e homens que desafiam as noções dominantes sobre a masculinidade por serem considerados fracos.
É extremamente importante incluir homens e meninos na discussão sobre igualdade de gênero. Embora as mulheres ainda enfrentem desigualdades humanas, envolver os homens nesse diálogo é fundamental para avançar na busca por igualdade e justiça social. Ao envolver homens e crianças na conversa sobre igualdade de gênero, podemos construir uma sociedade mais justa e equitativa para todos, onde se promove a diversidade, a inclusão e o respeito mútuo. Juntos, podemos trabalhar para superar as limitações impostas pelas normas de gênero e construir relações e comunidades mais saludáveis e equitativas.
INTERESSES DIVIDIDOS: APOIO E RESISTÊNCIA
Encontra-se algo de surpreendente na problematização mundial de homens e masculinidade porque, de várias formas, a posição dos homens não mudou muito. A diferenciação entre os sexos pressupõe a definição do que são as características que formam a identidade do masculino e do feminino (FILHO, 2005). Os homens continuam sendo a grande maioria dos executivos, profissionais de alto escalação e ocupam nove em cada dez cargos de gabinete em governos nacionais, quase a mesma proporção de cadeiras no congresso e a maioria dos empregos de alto escalão em agências internacionais (CONNELL, 2016).
Tratando-se da religião (igrejas pentecostais), as mulheres são majoritariamente em número maior que os homens, trabalham mais que eles, contudo, ocupa sempre o lugar privado, o que Michel Foucault (1998) chama de micropoderes. O trabalho doméstico é realizado no lugar religioso, e quando não é de forma gratuita (é para Jesus!) recebem um salário que possivelmente é de cerca 30% do líder carismático. A maioria das igrejas são geridas exclusivamente por homens.
“Uma vez que nossa sociedade continua sendo primordialmente uma cultura “cristã”, multidões de pessoas continuam acreditando que Deus ordenou que mulheres fossem subordinadas aos homens no ambiente doméstico. Ainda que multidões de mulheres tenham entrado no mercado de trabalho, ainda que várias mulheres sejam chefes e arrimo de família, a noção de vida doméstica que ainda domina o imaginário da nação é a de que a lógica da dominação masculina está intacta, seja o homem presente em casa ou não” (HOOKS, 2018, p.18).
Pode-se observar, a religião gera o poder de fragmentar a rede de relações humanas em “indivíduos” distintos. A maioria das igrejas pentecostais impede as mulheres de ocuparem posições importantes na sua gestão, como também as enxergam como causadoras de estragos na vida do homem. Este processo então sacraliza certos “indivíduos”. A divisão de trabalho não só reforça esta fragmentação, mas tem o apoio de ritos e de rituais religiosos. Émile Durkheim indagou (1999): “o que gera divisão do trabalho? Ele chegou à conclusão de que ela deve tornar o homem mais feliz: “efetivamente, sabemos que quanto mais o trabalho é dividido, mais elevada é a produção. Os recursos que ela coloca à nossa disposição não só são mais abundantes, mas também de melhor qualidade [...]. Ora, o ser humano precisa de todas essas coisas. Dessa forma, tudo indica que quanto mais coisas ele tiver, mais feliz deve se sentir, sendo, consequentemente, por natureza induzido a procurá-las” (DURKHEIM, 1999, p.179).
A divisão sexual do trabalho torna o casamento mais feliz: “ a origem da solidariedade conjugal é a divisão sexual do trabalho, e é por este motivo que os psicólogos muito apropriadamente observaram que a separação dos sexos eram um evento de primordial importância para a evolução dos sentimentos. Isto se deve ao fato de ele ter tornado possível, talvez, a mais forte de todas as tendências desinteressadas” (DURKHEIM, 1999, p.22).
Estas tendencias desinteressadas constatam que as mulheres não eram fracas, mas que se tornaram assim com a progressão da moralidade. Esta progressão influenciou a forma evolucionária, física das pessoas, que foram outrora mais semelhantes do que diferentes. Por outro lado, afirmou Émile Durkheim (1999), na vida moderna, o casamento transformou-se numa união muito mais ajustadas e indissolúveis. Como o crescimento da divisão do trabalho, pode-se perceber que as mulheres se afastaram da luta armada e das questões públicas, as duas grandes funções da vida psicológica haviam como se dissociado uma da outra, com um dos sexos tomado conta do aspecto afetivo do outro, da função intelectual (DURKHEIM, 1999).
Socializadas em âmbito privado, coube às mulheres a tarefa de cuidar dos filhos, dos pais, do marido, da casa de modo geral, figurando como responsáveis pela manutenção da ordem em casa, apaziguadoras de conflitos, refletindo-se esses cuidados nas atividades que assumem ao participarem dos espaços públicos. Já no mercado de trabalho, os homens, coletivamente, recebem aproximadamente o correspondente duas vezes o salário das mulheres e também se beneficiam do trabalho não remunerado das mulheres, sem falar do apoio emocional.
Em relação à divisão do trabalho entre gênero, por exemplo, os homens recebem a maior parte da renda na economia monetária e ocupam a maioria dos cargos gerenciais. Mas os homens também são a força de trabalho predominante na maioria das profissões de alto risco, sofrem a maioria dos acidentes industriais, pagam a maior parte dos impostos e sofrem maior pressão social para permanecer empegado. No domínio de poder, os homens controlam coletivamente as instituições de coerção e os meios de violência. Mas os homens também são os principais alvos da violência militar e dos ataques criminosos, e muito mais homens do que mulheres são presos ou executados.
Os homens podem se beneficiar do trabalho domésticos e dos cuidados das mulheres sem que muitos homens percam um sentimento com os filhos. Alguns homens aceitam mudanças como princípios, contudo, na prática ainda têm comportamentos que sustentam desigualdades de gênero. “Nesse sentido para questionar sua situação subordinada, as mulheres têm que reconhecer a existência de uma ideologia que legitima a dominação masculina e compreender como isso perpetua a opressão, ou seja, o primeiro passo é a conscientização” (SARDENBERG, 2015, p.186).
Pode-se observar que em uma sociedade inflexível a segregação de gênero poder ser difícil para os homens reconhecer alternativas ou entender as experiências das mulheres. As razões por traz das resistências dos homens incluem o dividendo patriarcal e as ameaças à identidade que ocorrem junto com as mudanças.
A resistência também pode significar a defesa da ideológica da supremacia masculina. Haja vista que em muitos lugares do mundo, existem ideologias que justificam a supremacia masculina com base em religião, biologia, tradições culturais. É um erro ver essas percepções simplesmente como tradicionais e, dessa forma, ultrapassadas. Como podemos perceber na produção de Boaventura de Souza Santos (2003, p. 56) temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades (FRANCO & DIAS, 20021, p.7). Pode-se, no fim das contas, enxergar com mais enriquecimento. O homem não é o parâmetro do que é humano; homens e mulheres são. Os homens não o centro do mundo; homens e mulheres são. Essa compreensão transformará a consciência de forma decisiva quanto a descoberta de Copérnico de que a Terra não é o centro do Universo (LERNER, 2019, p.39).
É verdade que as discussões sobre igualdade de gênero podem gerar diferentes reações entre os homens e meninos. Alguns podem mostrar apoio e engajamento ativo na busca pela igualdade, enquanto outros podem resistir às mudanças ou sentir-se ameaçados pelos desafios aos papéis do gênero tradicional. Há homens e meninos que estão comprometidos em promover a igualdade de gênero. Eles reconhecem as desigualdades existentes e entendem que a luta pela igualdade beneficia a sociedade como um todo. Esses indivíduos estão dispostos a desafiar estereótipos de gênero, promover a diversidade e inclusão, e trabalhar em parceria com mulheres e pessoas de gênero diverso para alcançar mudanças significativas.
Por outro lado, alguns homens e meninos podem resistir às mudanças propostas pela igualdade de gênero. Isso pode ocorrer devido a uma variedade de razões, incluindo o medo da perda de privilégios ou da desconstrução de papéis de gênero tradicionais. Também pode haver resistência devido a uma falta de compreensão sobre as questões de desigualdade de gênero ou uma resistência à mudança em geral. No entanto, é importante destacar que a resistência não é inevitável ou imutável. À medida que a conscientização sobre a igualdade de gênero aumenta e os benefícios da equidade são compreendidos, mais homens e meninos podem se tornar aliados ativos nessa luta. Abordar a resistência requer educação, diálogo e uma abordagem empática para ajudar as pessoas a compreenderem as vantagens da igualdade de gênero e como ela pode contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva. É essencial continuar promovendo discussões abertas e inclusivas sobre igualdade de gênero, envolvendo homens e meninos, para criar espaços de diálogo onde suas preocupações e perspectivas possam ser abordadas.
CONCLUSÃO
A reação à igualdade de gênero é um fenômeno com dimensões globais, mas é preciso compreender seus padrões regionais. É importante lembrar que a busca pela igualdade de gênero não diminui a masculinidade, mas sim redefinir em termos de relações mais igualitárias, respeito mútuo e valorização da diversidade. Todos podem desempenhar um papel na promoção da igualdade de gênero, independentemente de sua identidade de gênero. Chamar os homens no século XXI a cessar os privilégios e reformular masculinidade para sustentar a igualdade de gênero parece, para muitos, um projeto estranho, cômico, trágico ou uma utopia. Muito embora parece entranho e utópico, o projeto de igualdade entre gêneros está em curso. Pode-se observar que muitos homens em todo mundo estão empenhados em reforma pela igualdade de gênero.
Dentro do complexo debate entre masculinidade e igualdade de gênero, já ocorreu uma grande mudança cultural em direção a uma consciência histórica, a história não é só dos homens, as mulheres também tem sua história com sujeito. Mas ainda há bastante chão a ser trilhado no caminho para uma sociedade em que as disparidades de gênero deixem de existir. Uma sociedade em que as mulheres metade da população do mundo não sejam mais deixadas para trás. O que precisar agora é de um empreendimento, projeto que compreende altos princípios de justiça social, que produza resultado melhor para a vida das mulheres por quem esses homens nutrem afeto, respeito, e resultará em uma vida melhor para a maioria dos homens.
É bem verdade que esse pode e deve ser um projeto que gera energia, que encontra expressão na vida cotidiana e nas artes assim como na política formal, não religião e na sociedade contemporânea, e que pode iluminar todos os aspectos da vida dos homens. Haja vista que para ter uma sociedade melhor precisamos ser mais humano e ter ciência que homens e mulheres são o centro do mundo, e que só assim juntos podem construir uma sociedade melhor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLY, Robert Elwood. João de ferro: um livro sobre o homem. São Paulo: Editora Campus, 1991.
BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
CONNELL, Robert. W. Políticas da masculinidade. Educação e realidade. 20(2): 1850206, jul./dez/ 1995.
CONNELL, Raewyn & PEARSE, Rebeca. Gênero: uma perspectiva global. São Paulo: nVersos, 2015.
CONNELL, Raewyn. Gênero em termos reais. São Paulo: nVersos, 2016.
CONNELL, Robert. W. Masculinities. Cambridge: Polity, 2005.
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FILHO, Amílca Torra. Uma questão de gênero: onde o masculino e o feminino se cruzam. cadernos pagu (24), janeiro-junho de 2005, pp.127-15.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1998.
FRANCO, Clarissa de. & DIAS Tainah Biela. Religião, direitos humanos e interseccionalidades: reposicionando a categoria “religião” no debate interseccional. Estudos de Religião. V. 35, n. 2, mai-ago, 2021.
GEBARA, Ivone. Mulheres, religião e poder: ensaios feministas. São Paulo: Edições Terra Via, 2017.
HOOKS, Bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018.
LERNER, Gerda. A criação do patriarcado: história da opressão das mulheres pelos homens. São Paulo: Cultrix, 2019.
PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. São Paulo: Editora Contexto, 2019.
PUI-LAN, Kwok. Globalização, gênero e construção da paz. São Paulo: Paulus, 2015.
SARDENBERG, Cecilia M. B. Gênero, religião e (des)empoderamento de mulheres: o caso de plataforma, Bahia. IN: ROSADO, Maria José (Org.). Gênero, Feminismo e religião: sobre um campo em constituição. Rio de Janeiro: Garamond Universitária, 2015.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
SANTOS, Silvana Mara de Morais dos & OLIVEIRA, Leidiane. Igualdade nas relações de gênero na sociedade do capital: limites, contradições e avanços. Rev. Katál. Florianópolis v. 13 n. 1 p. 11-19 jan./jun. 2010.
SCOTT, Ana Silvia. O Caleidoscópio dos arranjos familiares. IN: PINSKY, Carla Bassanezi & PEDRO, Joan Maria (Org.). Nova história das mulheres no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2018.
コメント