O CONFORMISMO DO OPRIMIDO
- Antonio de Oliveira
- 25 de abr. de 2019
- 1 min de leitura

O livro do Êxodo exige do leitor uma tomada de posição. Isso se deve ao fato de ele tratar de um conflito de interesses: um grupo humano quer sua liberdade (Hebreus), mas a estrutura social em que vive (Egito) não lhe permite uma alternativa de vida. Essa alternativa não é possível porque tal estrutura é criada e mantida por outro grupo (Faraó), que detém o controle econômico, político e ideológico do país assegurando seus privilégios às custas da exploração e opressão.
Diante da opressão, muitos, por comodismo ou impossibilidade de reagir, se entregam ao conformismo ou, pior ainda, à adesão ao opressor: "Moisés saiu e encontrou dois hebreus brigando. E disse para o agressor: Por que você está ferindo o seu próximo? Ele respondeu: E quem foi que nomeou você para ser chefe e juiz sobre nós? Está querendo me matar como matou o egípcio ontem? Moisés sentiu medo e pensou: Certamente a coisa já é conhecida. O Faraó ouviu falar do fato e procurou matar Moisés" (Êxodo 2:13-15).
Esse texto mostra que até mesmo os oprimidos estão divididos e brigam entre si, e que não estão se quer preparados para reagir. Outro caso é o dos capatazes hebreus (cf. Êxodo 5:6-21): fica quieto e não causar problemas, para não perder o pouco que se tem e evitar que o opressor parta para represálias. O conformismos dificulta o processo de libertação, porque retarda a organização do povo para articular as reivindicações.
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