A MORTE DE DEUS EM NIETZSCHE, CONSIDERANDO ESPECIALMENTE A LEITURA HEIDEGGERIANA ACERCA DO NIILISMO.
- Antonio de Oliveira
- 26 de dez. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 10 de jul. de 2023

O presente texto tem como objetivo refletir acerca da metafisica, tendo como base a leitura de Heidegger acerca do tema a “Morte de Deus” em Nietzsche, considerando especialmente a leitura heideggeriana acerca do niilismo. “Deus está morto” significa desvalorização de todos os valores superiores. É o niilismo; a metafisica mesmo: o esquecimento do ser.
Martin Heidegger (2003), descreve acerca do conceito da "Morte de Deus", declarando que: A sentença “Deus está morto” significa: o mundo suprassensível está sem força de atuação. Ele não fomenta mais vida alguma. A metafísica, isso significa para Nietzsche a filosofia Ocidental entendida como Platonismo, está no fim. Nietzsche compreende a sua própria filosofia enquanto o contra movimento ante a metafísica: para ele, ante o platonismo.
Pode-se observar que ao anunciar a “Morte de Deus" Nietzsche não está referindo somente ao Deus judaico-cristão, mas a todo o ideal de mundo metafísico que iniciou-se com Platão na divisão de mundo sensível e o mundo das ideias, o qual, é apropriado pela comunidade judaico-cristã para legitimação da fé cristã (Heidegger, 2003). Conforme a leitura de Heidegger, a expressão, “Deus está morto” é a morte do mundo idealizado, fora do real, é a morte da metafísica e de todos os valores por ela legitimados.
Aquele mundo supra-sensível das metas e medidas desperta e não carrega mais a vida. Aquele mundo mesmo perdeu sua vitalidade: ele está morto. A crença cristã se apresentará aqui e acolá. Mas o amor vigente em um tal mundo não é o princípio efetivador e eficaz do que agora acontece. O fundamento supra-sensível do mundo supra-sensível tornou-se, pensado enquanto a realidade efetiva de todo real, irreal. Esse é o sentido metafísico da sentença pensada metafisicamente: “Deus está morto” (HEIDEGGER,2003).
De acordo com a leitura de Heidegger a “Morte de Deus” é para Nietzsche a consequência última do niilismo. É a confirmação, alcançada por Nietzsche, onde os valores, por mais supremos que sejam, eles desvalorizam. A tentativa de esclarecer a sentença nietzschiana “Deus está morto” é equivalente à tarefa de interpretar o que Nietzsche entende por niilismo, e assim de indicar como o próprio Nietzsche se coloca ante o niilismo. (HEIDEGGER,2003).
Na reflexão de Martin Heidegger (2003) sobre Nietzsche, o niilismo é a depreciação e o estado de declínio em que se achavam os valores e ideias. Seu pensamento se vê sob o signo do niilismo histórico reconhecido por Nietzsche, que tem como objetivo principal desprezar qualquer valor metafísico e objetiva a destruição e desvalorização da moral. Nesse sentido, de acordo com Martin Heidegger, o niilismo não é mais um simples movimento historial no Ocidente. Todavia, é o movimento que move a história e o destino do próprio ocidente.
Pode-se observar na leitura de Heidegger acerca da sentença de Nietzsche “Deus está morto” o niilismo é a ausência extrema de conteúdo e de verdade acerca do ser. Haja vista que no desdobramento metafísico na contemporaneidade, é o desencobrimento da técnica, o niilismo é a esvaziamento de todos os valores antes tidos como sólido apresentado pela comunidade judaico-cristão no ocidente (LOPES & BUENO, 2012). Com isso a sociedade Ocidental foi perdendo o encantamento e a religião judaico-cristão foi perdendo o controle nas estruturas sociais e nos indivíduos. Uma vez que é uma sociedade que fundamenta-se sobre os valores cristãos, que por séculos a religião com os valores e moral legitimou o poder vigente.
A filosofia nietzschiana fundamenta-se em negar a moral cristã. Ele declara que é necessário o fim do “Deus moral” ou “Deus metafisico”. Segundo R. Machado (1999), Nietzsche não quer provar que Deus não existe, como faziam os ateus. O que lhe interessa é mostrar como e por que surgiu e desapareceu a crença de que haveria um Deus. Haja vista que a religião não mais exerce poder de tempos passados, já não exerce o encantamento e domínio na sociedade moderna. Assim sendo, para o homem moderno, Deus já não ocupa o lugar que lhe é próprio, as ações e decisões realizada pelo homem moderno não dependem mais dele. R. Machado (1994) declara que a “Morte de Deus”, é o diagnóstico da ausência explicita de Deus no pensamento e nas práticas do ocidente moderno.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREITAS, Hémiton. Deus como temática filosófica. Texto da aula do curso de Pós-graduação em filosofia da religião - Escola Comunicação, Educação e humanidade 2017.
HEIDEGGER, M. A sentença nietzschiana “Deus está morto”. (Trad.) Marco Casanova. Natureza Humana: Revista internacional de filosofia, São Paulo: Educ. v., 5, Julho de 2003.
___________. Nietzsche, Metafísica e Niilismo. (Trad.) Marco Antônio Casa Nova. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.
LOPES, Ronnielle de Azevedo & Bueno, Douglas Aparecido. A leitura e Heidegger acerca do niilismo e da sentença de Nietzsche Deus está morto. Revista Cultura Teológica. São Paulo: v. 20 – N. 78 –Abril de 2012
MACHADO, R. Zaratrustra, Tragédia nietzschina. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
_________. Deus, Homem, Super-homem. Revista Kriterion, Belo Horizonte, UFMG v.39. Julho de 1994.
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